Warren Buffett, Google e Facebook estão em um embate sobre energia limpa

Projeto de energia limpa de Buffett pode aumentar custos de energia, e big techs acreditam que possibilidade não está em seu melhor interesse

Projeto apoiado por Warren Buffett pode custar US$ 4 bilhões
Por Mark Chediak
12 de junio, 2022 | 01:52 PM
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Bloomberg — Google (GOOGL), Facebook (FB) e Microsoft (MSFT) – três dos maiores clientes corporativos de energia limpa do mundo – alertaram que um projeto de quase US$ 4 bilhões de energia renovável apoiado por Warren Buffet no estado americano de Iowa não está necessariamente no melhor interesse dos clientes, incluindo as empresas.

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Se aprovado, seria o maior complexo de parques eólicos de todo o país quando entrar em operação no final de 2024, produzindo eletricidade suficiente para mais de 700 mil casas. A MidAmerican Energy, concessionária de energia de propriedade do conglomerado de Buffett, a Berkshire Hathaway (BRK/A), pediu aos órgãos reguladores estaduais que aprovassem termos incluindo uma taxa de retorno garantida de 11,25% antes de iniciar a construção de um projeto que, segundo a empresa, ajudará em seus esforços para reduzir as emissões de carbono em 75% em comparação com os níveis de 2005.

Mas as gigantes de tecnologia que operam centros de processamento de dados no estado alertam que o projeto, apelidado de Wind Prime, poderia elevar os custos de eletricidade. Segundo as empresas, a MidAmerican deve considerar as alternativas. “Estamos preocupados com a possibilidade de que a atual proposta do Wind Prime não esteja no melhor interesse dos clientes de energia”, disse Corina Standiford, porta-voz do Google, em nota por e-mail.

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É importante assistir o embate porque demonstra a influência cada vez maior que as gigantes de tecnologia possuem sobre a transição energética. As empresas de tecnologia vêm pressionando as concessionárias em outras partes dos Estados Unidos a oferecer mais opções de energia limpa à medida que procuram limpar as fontes para suas operações de uso intensivo de eletricidade. Por comprarem tanta energia, a rede de serviços públicos normalmente escutam seus argumentos.

Big Techs lideram compra de energia limpadfd

“A escala em que essas empresas estão comprando energia limpa é enorme”, disse Kyle Harrison, analista da BloombergNEF. Como as empresas de tecnologia vêm consumindo cada vez mais energia renovável, elas também se tornaram mais sensíveis a seu custo, disse ele.

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Além disso, as empresas que pressionam pela descarbonização da rede buscam ser mais estratégicas sobre quando, como e onde as fontes de energia limpa são usadas. O Google e a Microsoft se comprometeram a executar todas as suas operações com energia livre de carbono 24 horas por dia até 2030. Já o Facebook diz que compra energia renovável suficiente para fornecer energia completa para suas operações em todo o mundo.

A MidAmerican, de Des Moines, estado de Iowa, fez a proposta em janeiro, traçando um plano abrangente para cerca de 2 mil megawatts de energia eólica e 50 megawatts de energia solar. A empresa, que deriva cerca de 58% de sua energia no estado do vento e 42% do carvão, da energia nuclear e de outras fontes, disse que o Wind Prime é uma peça chave do objetivo da empresa de atingir emissões líquidas zero.

A MidAmerican pediu aos reguladores que aprovassem o projeto até o final de outubro para que ele pudesse se qualificar para a obtenção de créditos federais de energia renovável no valor de US$ 1,8 bilhão.

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O Facebook, que também compra grandes quantidades de energia para operar centros de processamento dados em Iowa, referiu-se ao projeto proposto em um arquivo conjunto com o Google como um “aumento maciço e excessivamente oneroso da geração de energia que a MidAmerican não demonstrou ser necessário”. No mês passado, a Microsoft apresentou sua própria petição ao Iowa Utilities Board, dizendo que planejava juntar-se à coalizão das big techs.

A Meta, proprietária do Facebook, e a Microsoft não quiseram comentar além de seus documentos.

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É claro que a pressão das gigantes da tecnologia não significa necessariamente que elas não apoiarão o projeto em última instância – ou deixarão de comprar a energia. Qualquer projeto energético de vários bilhões de dólares acaba gerando debates acalorados entre clientes, grupos ambientais e de consumidores e outros. Os órgãos reguladores poderiam aprovar os termos propostos pela MidAmerican para o projeto, exigir mudanças ou rejeitá-los completamente.

Standiford, porta-voz do Google, disse que a empresa está empenhada em administrar seu centro de processamento de dados em Iowa – um dos maiores da empresa – com energia 100% livre de carbono e apoia “novas fontes com a melhor relação custo-benefício” de energia limpa.

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“Estamos trabalhando ativamente com os órgãos reguladores e a MidAmerican para garantir o investimento certo para Iowa”, disse ela.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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