Anitta é acusada de usar fãs em game para atingir topo do Spotify, diz revista

Em março, a cantora chegou ao primeiro lugar do mundo no Spotify - agora, especialistas do setor musical contestam a legitimidade do ranking

Técnica chamada de "streaming party" foi impulsionada pelos perfis oficiais da cantora
08 de abril, 2022 | 07:09 PM

Bloomberg Línea — Reportagem da revista Rest of The World, uma publicação de tecnologia e jornalismo sem fins lucrativos, contestou a autenticidade do número de streams (ou reproduções) da faixa “Envolver” na plataforma Spotify, que levou a cantora brasileira Anitta a alcançar, por três dias seguidos, o podium da música mais escutada do mundo.

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Segundo a publicação, especialistas da indústria da música disseram que parte do sucesso de “Envolver” pode ser atribuído a fãs que manipularam os algoritmos da plataforma de maneiras que potencialmente quebrou os termos e condições do Spotify. A publicação cita ainda que “pelo menos parte desse comportamento foi incentivado pela própria equipe de Anitta, que pressionou os fãs a inflar suas streams na plataforma”.

Conhecida como “streaming party”, a tática consiste em reunir o maior número possível de pessoas, ao mesmo tempo e em um horário pré-definido, para consumir o mesmo conteúdo dentro de uma mesma plataforma de streaming, com o intuito de que ele tenha maior alcance.

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A prática é bastante difundida entre fãs de diferentes bandas e artistas, como já foi visto nas redes sociais com sucessos da cantora Rihanna, Selena Gomez e também com faixas do grupo coreano BTS.

A publicação menciona também que a conta oficial do perfil do Twitter da cantora retweetou a postagem de outra conta de um fã incentivando as pessoas a aumentar a popularidade de Anitta, montando playlists com sua música e lembrando-as de “usar contas diferentes no Spotify e lembrar de trocar de conta após 20 reproduções.”

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No dia seguinte, a conta oficial da cantora criou um sorteio de assinaturas do Spotify Premium para usuários que enviaram capturas de tela usando o Spotify para transmitir “Envolver”.

A prática pode ser vista como uma forma de driblar o algoritmo do Spotify que determina que, para que uma música chegue ao topo do ranking das mais escutadas, ela não pode ter reproduções menos qualificadas, ou seja, que refletem um possível comportamento artificial, ou de bot.

De acordo com o Spotify, o cálculo de reproduções - ou streams - é gerado por uma fórmula que protege a integridade dos gráficos.

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“Essa fórmula significa que nem todos os streams no Spotify são elegíveis para os charts. Algumas músicas podem ter menos streams qualificados para as paradas do que outras, dependendo do comportamento do streaming. Portanto, a contagem de streams que você vê nos gráficos pode parecer diferente do aplicativo e do Spotify for Artists”, explica a plataforma.

Cada reprodução de música é contada quando alguém ouve a faixa por 30 segundos ou mais, segundo o Spotify.

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A Bloomberg Línea entrou em contato com a assessoria da cantora para entender quais outras estratégias a equipe adotou, mas não obteve resposta. A assessoria do Spotify também não respondeu questionamento sobre uma possível violação dos termos da plataforma.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.

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