Ásia: Empresas alimentícias não esclarecem origem da carne

Mesmo apresentando relatórios sobre outras questões, como emissões de carbono, empresas não têm um plano claro de fornecimento responsável

Nenhuma das empresas de capital aberto na Ásia reconheceu a amplitude do desmatamento no processo de fornecimento de proteína animal
Por Sheryl Tiang Tong Lee
15 de mayo, 2022 | 06:06 AM

Bloomberg — Quatro em cada cinco empresas de alimentos de capital aberto da Ásia não estão relatando um grave risco ESG – onde e como estão adquirindo sua proteína animal.

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Embora 72% emitam relatórios de sustentabilidade, estes focam principalmente em riscos “periféricos ao seu negócio principal”, como embalagens, uso de energia e emissões de carbono, de acordo com um relatório da consultoria Asia Research and Engagement (ARE), com sede em Singapura. Apenas 16% das 158 empresas de alimentos e bebidas, varejo, hotelaria e catering listadas nas bolsas de valores asiáticas avaliadas pelo grupo têm políticas de fornecimento responsável de proteínas.

À medida que órgãos reguladores e empresas clamam por reações à crise climática, há uma crescente conscientização de que a deterioração do mundo natural é uma ameaça interconectada e representa grandes riscos para os mercados financeiros e a economia global. As extensas cadeias de suprimentos da indústria de alimentos dependem fortemente da pecuária industrial, a principal causa do desmatamento e da perda de biodiversidade e o segundo maior emissor de gases de efeito estufa.

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No entanto, as empresas alimentícias asiáticas negligenciam riscos específicos da indústria, como desmatamento para alimentação de gado, bem-estar animal e uso excessivo de antibióticos ao mesmo tempo em que enfatizam as emissões e as metas de energia porque foram mais “sensibilizadas” às questões climáticas, disse Kate Blaszak, diretora da área de proteínas sustentáveis da ARE, em entrevista.

“É como se uma empresa de armas dissesse que está indo bem no que diz respeito ao clima, reduzindo o uso de água e energia, mas sem pensar na questão ética do que está vendendo”, disse ela.

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O grupo de pesquisa colabora com empresas de fundos que administram quase US$ 4 trilhões em ativos, incluindo a Fidelity International e a Aviva.

Mais dados do relatório:

  • 13% das empresas reconheceram o uso de antimicrobianos ou riscos de resistência em seus sites, políticas e relatórios de sustentabilidade
  • 11% reconheceram práticas de bem-estar animal
  • Nenhuma reconheceu desmatamento no processo de fornecimento de proteína animal ligada à alimentação animal e agricultura
  • 18% reconheceram o fornecimento sustentável de frutos do mar, capturados na natureza ou cultivados em cativeiro

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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