El-Erian alerta que pico da inflação nos EUA ainda está por vir

Economista previu em 2021 que a inflação, na época em 5,4% no ano, não seria tão transitória quanto o Federal Reserve projetava

Dados de inflação nos Estados Unidos (CPI) serão divulgados na sexta-feira (10)
Por John McCorry - Jonathan Ferro
09 de junio, 2022 | 03:26 PM

Bloomberg — O renomado economista Mohamed El-Erian, que há quase um ano previu com precisão que a inflação elevada nos Estados Unidos seria persistente, afirmou nesta quinta-feira (9) que o índice de preços ainda não atingiu o pico.

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Apesar de concordar com estimativas do mercado para o índice de preços ao consumidor de maio, o estrategista disse ao programa “The Open” da Bloomberg Television que “o que me preocupa é que o dado mensal de junho será pior do que o apresentado em maio, na comparação mensal”. “Aqueles que corajosamente disseram que a inflação atingiu o pico e está caindo podem ter que mudar de ideia”, disse.

O índice de preços ao consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês) subiu 8,3% em abril, abaixo dos 8,5% do mês anterior, mas ainda próximo do maior aumento em quatro décadas. Os dados referentes a maio serão divulgados nesta sexta (10).

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Segundo projeção mediana em uma pesquisa da Bloomberg News, a inflação anual deve registrar avanço de 8,2% em maio. Se concretizado, a alta representaria um aumento de mais de quatro vezes os níveis vistos antes da pandemia.

“Não me surpreenderia se víssemos uma inflação acima de 8,5%”, embora “não tão cedo quanto no próximo mês”, disse El-Erian. “Porque os motores da inflação estão se ampliando. No nível principal, os preços da energia estão subindo mês a mês de forma bastante dramática. Vemos pressão sobre habitação e comida. É muito cedo para dizer que a inflação atingiu o pico.”

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A inflação corrói o retorno oferecido por títulos do governo. O Tesouro de 10 anos perdeu quase 12% este ano em meio a uma baixa em diversos ativos financeiros, de acordo com o Índice de Retorno Total de 10 Anos de Títulos do Tesouro dos EUA, da S&P.

Em julho, El-Erian previu que a inflação, na época em ritmo anualizado de 5,4%, não seria tão transitória quanto o Federal Reserve estava projetando. Nesta quinta-feira (9), ele disse que o Fed cometeu um “erro de política” sobre a inflação, referindo-se ao banco central não apertar a política monetária ao reduzir seu balanço e aumentar as taxas ainda este ano.

Enquanto alguns economistas veem o regime de aumento de juros do Fed como provável de levar a economia dos EUA a uma recessão, El-Erian, colunista da Bloomberg Opinion, diz que esse é seu “cenário de risco”. “A estagflação é minha linha de base”, disse.

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“Cuidado com o que você deseja. Se você acredita que o mercado de trabalho continua forte, os salários permanecem dinâmicos e começam a acompanhar a inflação, então é difícil ver a inflação caindo”, disse ele. “Mas se você acha que vamos ter uma recessão, com certeza, a inflação vai cair, mas esse não é o tipo de inflação transitória que alguém quer.”

O presidente da Gramercy Fund Management e principal consultor econômico da Allianz SE diz que o Fed deve “fazer uma escolha e cumpri-la. A pior coisa seria as idas e vindas do Fed, ou seja, o banco central americano aumenta as taxas e depois faz uma pausa em setembro, mas aí precisa subir novamente e volta a pausar o aperto de novo. Isso significaria apenas que a estagflação persistiria por muito mais tempo do que o necessário.”

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