EUA devem retirar cigarros eletrônicos do mercado

Órgão regulador americano já havia proibido a venda de cigarros eletrônicos com sabores frutados

Produto da Juul ficou popular entre fumantes que tentavam largar o vício, afirmando que a transição ficava mais fácil
Por Jonathan Roeder - Fiona Rutherford
22 de junio, 2022 | 01:09 PM

Bloomberg — A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, está se preparando para ordenar que os cigarros eletrônicos da Juul Labs sejam retirados do mercado, informou o Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

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A decisão pode ser anunciada já nesta quarta-feira (22), de acordo com o Journal. Nenhum representante da Juul foi encontrado para comentar o caso. Nenhum representante do FDA - equivalente à Anvisa no Brasil - respondeu a pedidos por comentários.

A FDA proibiu a venda de sabores frutados e doces para cigarros eletrônicos após críticas de que os produtos eram apelativos a menores, e os órgãos reguladores vêm revisando milhares de pedidos de produtos semelhantes desde que enrijeceu sua supervisão do que havia se tornado um mercado indisciplinado.

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Entre os maiores apoiadores da Juul está a fabricante dos cigarros Marlboro, o Altria Group (MO), que detém uma participação de 35% na empresa, de acordo com um documento recente. A Altria avaliou sua participação em US$ 1,6 bilhão, depois de reduzir esse valor em uma série de decisões ao longo dos últimos anos. As ações da Altria caíam cerca de 10% em Nova York nesta quarta-feira.

Um porta-voz da Altria não quis comentar à Bloomberg News.

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No início do ano, a FDA permitiu que alguns produtos fabricados pela concorrente da Juul, a NJOY, permanecessem no mercado, e no ano passado autorizou o cigarro eletrônico Vuse, da British American Tobacco. Alguns esperavam que a Juul conseguisse o apoio do FDA após anos de trabalho entre a empresa e os órgãos reguladores.

Os órgãos reguladores esperavam que os cigarros eletrônicos pudessem ser uma alternativa para fumantes que estão tentando parar de usar produtos de tabaco tradicionais, e o produto da Juul ficou popular entre alguns adultos que afirmam ter conseguido largar o fumo posteriormente. No entanto, as autoridades de saúde pública também documentaram uma epidemia de menores de idade utilizando cigarros eletrônicos e temem que o produto possa ter viciado uma nova geração de usuários de nicotina. Outras questões de saúde, incluindo uma doença aguda que afeta os pulmões, também foram ligadas aos cigarros eletrônicos.

Outrora uma startup bem avaliada com ambições globais, a Juul passou por diversos contratempos nos últimos anos depois que seu dispositivo elegante, as propagandas vistosas e os sabores frutados levantaram questionamentos sobre os riscos à saúde associados ao consumo de cigarros eletrônicos, bem como sobre as táticas de marketing da empresa. Embora a Juul tenha dito que nunca buscou vender cigarros eletrônicos para crianças, a empresa está enfrentando milhares de ações judiciais que alegam que ela visava menores. Dezenas de estados também estão investigando a publicidade da Juul.

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A represália dos órgãos reguladores dos EUA provavelmente afetará severamente as ambições da Juul, pelo menos no curto prazo. A empresa poderia recorrer da decisão da FDA através da agência ou contestá-la em tribunal, ou apresentar um pedido revisado de aprovação, de acordo com o relatório do Journal. A Juul ainda vende cigarros eletrônicos em alguns mercados estrangeiros.

A não obtenção da aprovação marcaria um segundo problema significativo para o setor de tabaco – anteriormente, o governo Biden disse que ordenaria que as empresas reduzissem os níveis de nicotina nos cigarros em um esforço para reduzir as mortes associadas ao fumo. A FDA deve elaborar regras sobre a mudança – um longo processo que o setor provavelmente irá combater.

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--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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