Mercados voláteis por incertezas sobre inflação e trajetória de bônus

Futuros de índices nos EUA, que abriram em queda, agora hesitam entre subir ou baixar; na Europa, bolsas se mantêm no vermelho desde a abertura

As variáveis que orientarão os mercados
12 de abril, 2022 | 07:39 AM

Barcelona, Espanha — A inflação, além do seu impacto no mercado de títulos, volta a se distinguir nas operações de hoje. Diante da expectativa em torno do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nos Estados Unidos, que deve mostrar novo avanço, os mercados operam de lado. Os futuros de índices norte-americanos, que iniciaram o dia em baixa, mas chegaram a subir por alguns instantes, agora hesitam sobre que caminho seguir.

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A renda variável está acompanhando de perto o desempenho dos títulos soberanos, cujos prêmios subiam nesta manhã, superando os 2,80% para os bônus de 10 anos, mas agora tiraram o pé do acelerador. A expectativa de inflação mais alta, que chamará a uma ação mais enérgica dos bancos centrais em suas políticas monetárias, é o que sacode o mercado de títulos. Os prêmios dos títulos do Tesouro dos EUA a 10 anos chegaram a bater os 2,83% hoje, o maior nível desde 2018.

Na Europa, as bolsas continuam a operar no vermelho, ainda que de forma menos pronunciada, ajudadas pelo setor de tecnologia. O Stoxx 600 chegou a cair 1,4% nesta manhã. O setor bancário puxou as perdas: o Deutsche Bank AG e o Commerzbank AG lideraram vendas de ações num valor combinado de 1,75 bilhões de euros (US$ 1,9 bilhão), segundo a Bloomberg.

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Já o petróleo encadeava uma recuperação parcial de seu valor, após uma queda que apagou a maior parte do avanço provocado pela invasão da Rússia à Ucrânia. Os novos contágios pelo covid-19 na China e as restrições de mobilidade geraram nas últimas sessões incertezas sobre a demanda pela matéria-prima.

🛣️ Muito além da meta

A inflação é a protagonista de hoje. Espera-se que a inflação norte-americana salte dos +7,9% de fevereiro para +8,4% em março, no confronto anual, segundo pesquisa da Bloomberg com economistas. Caso este dado se confirme, renovará o recorde de maior avanço desde o início de 1982. Vale lembrar que a meta do Federal Reserve (Fed) é de uma inflação anual de +2%, muito aquém da realidade.

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↑ Inflação ↑ Juros ↓ Crescimento?

A disparada dos custos de energia devido à guerra Rússia-Ucrânia, bem como a interrupção da oferta de diversas commodities por estes países, renova as preocupações com a espiral inflacionária. E a fórmula que os bancos centrais têm sinalizado para controlar os preços - aumento dos juros e/ou retirada de liquidez do mercado, inquieta os analistas na medida em que pode afetar o crescimento econômico.

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🚫 Consumidor reticente

A guerra na Ucrânia deteriora a percepção do consumidor na Alemanha e gera incertezas com relação à maior economia do continente. O indicador ZEW de sentimento econômico de abril caiu para -41 pontos, contra -39,3 pontos da medição anterior e +54,3 em fevereiro, conforme dados divulgados esta manhã. Os olhos dos investidores também se dirigem à divulgação, a partir de hoje, de índices inflacionários europeus.

Já nos EUA, o sentimento entre as pequenas empresas recuou em março pelo terceiro mês seguido, posicionando-se em um dos níveis mais baixos da pandemia. O índice de otimismo da Federação Nacional de Empresas Independentes caiu para 93,2, a menor pontuação desde abril de 2020, que foi de 95,6. A leitura de março foi mais fraca do que a esmagadora maioria das estimativas de uma pesquisa da Bloomberg com economistas. A participação líquida dos proprietários que esperavam melhores condições comerciais nos próximos seis meses caiu para -49%, a mais baixa em dados mensais desde 1986.

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Futuros de índices nos EUA sobem e descem

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,19%), S&P 500 (-1,69%), Nasdaq (-2,18%), Stoxx 600 (-0,59%), Ibovespa (-1,16%)

As bolsas mundiais recuaram com o peso da preocupação com a alta dos preços e o impacto do aperto das políticas monetárias pelos bancos centrais. O sentimento continua a ser moldado por um Fed agressivo, interrupções no fornecimento de commodities causadas pela invasão russa à Ucrânia e pela perspectiva de uma desaceleração econômica global.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: IPC/Mar; Otimismo entre Pequenas Empresas NFIB/Mar; Rendimento Real/Mar; Índice Redbook; Índice IBD/TIPP de Otimismo Econômico; Perspectiva Energética de Curto Prazo da EIA; Balanço Orçamentário Federal/Mar

• Europa: Zona do Euro (Percepção Econômica ZEW/Abr; Dados de empréstimos bancários do BCE); Alemanha (Percepção Econômica ZEW/Abr; IPC/Mar; Índice de Preços por Atacado/Mar; Saldo das Transações Correntes/Fev); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Fev; Vendas no Varejo do BRC/Mar); França Transações Correntes/Fev; Balança Comercial/Fev); Portugal (IPC/Mar)

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• Ásia: Japão (Massa Monetária - Agregado M3/Mar)

• América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Fev)

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• Bancos centrais: Discurso de Lael Brainard (FOMC/Fed). Decisão sobre juros da Nova Zelândia

• Balanços do dia: Saudi Aramco, Asos, entre outros

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📌 E para amanhã:

• EUA: IPP/Mar; Relatório Mensal da IEA; Pedidos de Hipotecas MBA; Índice de Compras MBA; Estoques de Petróleo Bruto; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA (Semanal); Relatório Semanal EIA de Estoques de Destilados

• Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Fev); Reino Unido (IPP e IPC/Mar; Índice de Preços no Varejo - RPI/Mar; Índice de Preços de Imóveis); Espanha (IPC/Mar); Itália (Produção Industrial/Fev)

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• Ásia: China (Balança Comercial/Mar)

• América Latina: Brasil (Vendas no Varejo/Fev; Empréstimos Bancários/Fev; Confiança do Consumidor Reuters/Ipsos/Abr); Argentina (IPC/Mar)

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• Bancos centrais: Decisão de Política Monetária do Bank of Canada (BoC); Discurso de Haruhiko Kuroda, dirigente do Bank of Japan (BoJ)

• Balanços do dia: JPMorgan, BlackRock, Delta Air Lines, Tesco, entre outros

-- Com informações de Bloomberg News

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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