Presidente do Iêmen se afasta em esforço para acabar com a guerra no país

Guerra, agora em seu sétimo ano, alimentou uma catástrofe humanitária no Iêmen

Mercado da cidade velha, da capital do Iemen, Sanaa
Por Zainab Fattah - Mohammed Hatem
07 de abril, 2022 | 11:46 AM

Bloomberg — O presidente do Iêmen entregou o poder a um conselho de governo enquanto a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos prometeram US$ 3 bilhões para apoiar a transição, aproveitando as medidas para encerrar uma guerra com combatentes houthis apoiados pelo Irã, que se espalharam pelo Golfo, gerando condenação internacional.

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As etapas coreografadas provavelmente darão impulso aos frágeis esforços de paz, que receberam um grande estímulo na semana passada, quando todas as facções beligerantes do Iêmen concordaram com uma trégua de dois meses programada para começar com o início do feriado religioso do Ramadã.

A guerra, agora em seu sétimo ano, alimentou uma catástrofe humanitária no Iêmen. Os houthis, enquanto isso, intensificaram seus ataques à energia saudita, instalações militares e civis este ano e realizaram seu primeiro ataque mortal em solo dos Emirados Árabes Unidos usando drones e mísseis.

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Abd Rabbuh Mansur Hadi, que liderou o governo internacionalmente reconhecido do exílio, em Riad, demitiu seu vice e delegou poderes ao órgão de transição, como informou a agência de notícias estatal, Saba, na quinta-feira (7).

O chamado Conselho de Liderança Presidencial será chefiado por Rashad Al-Alimi, um assessor próximo de Hadi, e incluirá um membro de um grupo separatista do sul que no passado entrou em confronto com forças leais ao presidente, agora de saída, bem como outras figuras proeminentes .

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Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos luta para restaurar o governo de Hadi desde 2015, quando os houthis invadiram o norte do país e assumiram sua capital, Sana’a. Apesar dos Emirados Árabes Unidos e outros terem exigido a expulsão de Hadi, acusando-o de dificultar os esforços para unir grupos anti-houthis, os líderes sauditas até agora resistiram a esses apelos.

A mudança para um conselho de governo “é importante por duas razões”, disse Adam Baron, analista político focado no Iêmen. Ele traz facções não-houthis para um bloco e muda “de uma presidência fortemente centralizada para uma mais inclusiva”, disse ele. Como isso ocorre em meio a um progresso significativo “nos bastidores do processo de paz, também pode ajudar a preparar o terreno para conversas com os houthis”.

A Arábia Saudita encorajou o novo conselho a iniciar negociações com o grupo auxiliado pelo Irã sob supervisão da ONU e espera que a transição em andamento leve a um acordo de paz, segundo a Agência de Imprensa Saudita.

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O reino e os Emirados Árabes Unidos também concordaram em fornecer US$ 1 bilhão cada ao banco central do Iêmen, informou a estatal SPA. A Arábia Saudita também doará US$ 1 bilhão para comprar produtos petrolíferos e apoiar projetos de desenvolvimento.

Catástrofe Humanitária

Com a intensificação dos ataques pelos houthis, os Estados do Golfo e Israel pressionaram os Estados Unidos a formular uma estratégia de segurança para o Oriente Médio em um momento em que Washington está tentando retomar o acordo nuclear de 2015 com o Irã.

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O acordo atômico não foi capaz de lidar com as preocupações sobre as capacidades de mísseis balísticos do Irã ou seu apoio às milícias, incluindo os houthis, argumentam eles.

A ONU no início deste mês disse que todos os lados concordaram com a trégua que começou em 2 de abril. Sob os termos do cessar-fogo, os navios que transportam combustível poderão entrar no porto de Hodeidah, controlado pelos houthis, enquanto os voos comerciais podem operar dentro e fora do aeroporto de Sana’a para alguns destinos da região.

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A Arábia Saudita também disse na quinta-feira (7) que fornecerá US$ 300 milhões para o programa humanitário da ONU no Iêmen.

A guerra foi devastadora para os iemenitas. A ONU estima que 377.000 pessoas tenham sido mortas como resultado do conflito até o final de 2021. Cerca de 24,1 milhões de pessoas - 80% da população - precisavam de ajuda humanitária e proteção, com 14 milhões em necessidade aguda e mais de três milhões deslocados de suas casas desde 2015, segundo o órgão mundial.

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A remoção de Hadi é o último passo para acabar com o sofrimento da população, mas as tentativas anteriores de trazer a paz falharam, alertaram analistas.

“Muitos, muitos obstáculos permanecem”, disse Thomas Juneau, professor da Escola de Pós-Graduação de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Ottawa, no Twitter. “Mas se desejamos algum progresso significativo, deixar Hadi de lado de uma forma ou de outra é, sem dúvida, um passo necessário, embora longe de ser suficiente.”

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– Com a colaboraçao de Kateryna Kadabashy.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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