Preços de energia sobem 40% na zona do euro em maio e pressionam BCE

Inflação ao consumidor avança 8,1% na base anual, segundo estimativas, o que reforça o debate sobre o aumento de juros na região

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde: inflação continua a subir na zona do euro
Por Alexander Weber
31 de mayo, 2022 | 10:29 AM

Bloomberg Línea — (Bloomberg) -- A inflação na zona do euro atingiu uma máxima histórica em maio, o que intensifica o debate sobre a rapidez com que o Banco Central Europeu (BCE) deve aumentar as taxas de juros que estão nos menores patamares da história. A taxa está atualmente negativa em 0,5%.

Os preços ao consumidor subiram 8,1% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior, superando a estimativa média de 7,8%, segundo pesquisa da Bloomberg com analistas de mercado. A inflação havia subido 7,4% na base anual em abril, o que dá a dimensão do aumento do ritmo de alta dos preços.

A aceleração tem sido impulsionada pelas categorias de alimentos e energia depois que a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os preços das commodities. O núcleo do índice, que exclui itens voláteis dessas duas categorias, subiu 3,8%.

Com os aumentos de juros a todo vapor nos Estados Unidos e no Reino Unido, o BCE se prepara para elevar o custo do dinheiro pela primeira vez em mais de uma década para combater o aumento de preços sem precedentes do bloco monetário de 19 membros.

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A presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou na semana passada que aumentos de 0,25 ponto percentual são prováveis nas reuniões em julho e setembro. O economista-chefe do BCE, Philip Lane, apoiou esse cronograma na segunda-feira (30), chamando movimentos desse tamanho de “ritmo de referência” para a saída do estímulo monetário.

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Algumas autoridades aventaram a ideia de subir 0,5 ponto percentual pela primeira vez na história do BCE, refletindo a última decisão do Federal Reserve nos EUA. Klaas Knot, membro holandês do Conselho do BCE, disse que os números da inflação para maio e junho determinarão se tal medida é justificada.

Ignazio Visco, da Itália, disse nesta terça-feira (31) que é contra a perspectiva de um movimento mais agressivo das taxas, dizendo que o BCE deve proceder de maneira “ordenada” para evitar uma potencial turbulência no mercado de títulos. Seu colega francês, François Villeroy de Galhau, afirmou que os últimos dados de inflação garantem uma normalização “gradual, mas resoluta” da política monetária.

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“Não há em vista uma rápida desaceleração da inflação na zona do euro”, disse Christoph Weil, economista do Commerzbank. “Mesmo se não houver interrupção no fornecimento de petróleo e gás russo e se o aumento anual dos preços de energia caírem significativamente ao longo do ano, a taxa de inflação provavelmente ainda estará em torno de 6% até o final do ano.”

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Os títulos alemães caíram, liderados pela extremidade longa da curva de juros - ou seja, nas apostas em contratos de prazo mais longo -, e o euro continuou a cair em relação ao dólar. Os mercados monetários mantiveram as apostas de aumento de juros do BCE, precificando 1,15 ponto percentual de aperto até dezembro.

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