Autoridades da Finlândia apoiam adesão à Otan; Suécia deve fazer o mesmo

Rússia continua ameaçando países nórdicos, que estão seguindo em frente com solicitação de entrada para o bloco

Presidente da Finlândia já expressou apoio à entrada do país na Otan
Por Leo Laikola - Kati Pohjanpalo
12 de mayo, 2022 | 01:18 PM

Bloomberg — A Finlândia e a Suécia estão cada vez mais perto de se juntar à Otan no que seria outra reviravolta no cenário de segurança europeu após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

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As maiores autoridades da Finlândia, o presidente Sauli Niinisto e a primeira-ministra Sanna Marin, apoiaram o pedido de ingresso na Otan, e o governo da Suécia provavelmente fará o mesmo nos próximos dias.

“A Finlândia deve solicitar a adesão à Otan sem demora”, disseram Niinisto e Marin em comunicado conjunto na quinta-feira (12). A adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte tornaria a Finlândia mais segura e, “como membro da Otan, a Finlândia fortaleceria toda a aliança de defesa”, disseram eles.

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A mudança na posição defensiva da Finlândia foi estimulada pela guerra em grande escala que a Rússia está travando na Ucrânia. A vizinha Suécia planeja enviar um pedido na segunda-feira (16), informou o jornal Expressen na quinta-feira, citando fontes não identificadas.

Com a investida russa mudando repentinamente as percepções na Europa sobre ameaças regionais, países como a Alemanha optaram pelo o rearmamento, a Dinamarca está realizando um referendo sobre a adesão à cooperação militar da União Europeia, e a Otan está aumentando sua dissuasão no Oriente.

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Os dois países nórdicos estão tentando deter a agressão da Rússia, que em 24 de fevereiro invadiu a Ucrânia e ameaçou os dois países com consequências caso se unam ao bloco. O ataque, que o presidente russo Vladimir Putin chamou repetidamente de “inevitável”, mudou a opinião popular em ambos os países nórdicos da noite para o dia para favorecer a adesão.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a adesão da Finlândia à Otan seria “definitivamente” uma ameaça à Rússia.

“A expansão da Otan não torna nosso continente mais estável e seguro”, disse ele a repórteres em uma teleconferência, evitando dar uma resposta direta quando perguntado se o Kremlin esperava a provável entrada da Finlândia no bloco como possível resultado de sua invasão da Ucrânia.

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A aprovação do presidente e da primeira-ministra da Finlândia coloca uma das peças finais do quebra-cabeça no lugar antes que o maior partido da coalizão – os social-democratas – defina sua posição oficial no sábado (14), com uma decisão formal prevista para domingo (15). O parlamento, onde mais de dois em cada três parlamentares apoiam o pedido, está se preparando para um debate na segunda-feira, disse o presidente Matti Vanhanen na quinta-feira.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a Finlândia será “recebida calorosamente” na aliança caso decida se candidatar, acrescentando que o processo de adesão será “tranquilo e rápido”. Ele apoiou os comentários de Niinisto e Marin dizendo que a adesão de seu país fortaleceria a segurança da Otan e da Finlândia e destacaria a política de portas abertas da Otan.

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Espera-se que os aliados da Otan apoiem por unanimidade quaisquer propostas da Finlândia e da Suécia, disseram diplomatas. As propostas de adesão precisariam ser ratificadas pelos parlamentos dos países da Otan – um processo que pode levar meses – antes que sua entrada seja permitida e eles comecem a desfrutar de compromissos de defesa coletiva nos termos do Artigo 5.

Ambos os países já receberam promessas de segurança dos Estados Unidos e na quarta-feira (11) assinaram acordos de cooperação com o Reino Unido. A Finlândia receberá na sexta-feira quatro caças A-10 dos EUA e um KC-135 Stratotanker em seu espaço aéreo para uma operação de reabastecimento aéreo, disseram as forças de defesa.

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Vivendo à sombra do poderio militar de seu vizinho do leste, a população finlandesa de 5,5 milhões defende uma fronteira de 1,3 mil quilômetros de comprimento. Duas guerras contra a União Soviética no século XX, mais de 100 anos como parte do império russo e inúmeros confrontos sangrentos nos séculos anteriores deixaram sua marca na lembrança de finlandeses pragmáticos, armados até os dentes e altamente preparados para combater a agressão.

A Suécia, com 10 milhões de habitantes, agoniza por abandonar sua política de não alinhamento militar de longa data, que se seguiu a décadas de neutralidade durante a Guerra Fria e as guerras mundiais anteriores. Mesmo assim, sua direção recente foi clara: desde a anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014, a Suécia aumentou gradualmente os gastos militares para compensar um déficit anterior e buscou uma cooperação cada vez mais estreita com a Otan.

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Preparando-se para a retaliação

As autoridades agora se preparam para uma retaliação da Rússia, que os ameaçou com “sérias consequências” e com a entrada de armas nucleares em seu enclave báltico de Kaliningrado se eles se juntarem. Autoridades da vizinha Lituânia dizem que a movimentação já aconteceu anos atrás.

Ciberataques, violações do espaço aéreo e outras atividades maliciosas também são prováveis, e a Rússia também pode expulsar diplomatas como forma de protesto. Antes de invadir a Ucrânia, Putin exigiu que a Otan garantisse que não se expandiria para o leste.

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O porta-voz do Kremlin, Peskov, não detalhou o que a Rússia pode fazer se a Finlândia aderir à aliança, dizendo que apenas a resposta dependerá de “quanta infraestrutura militar for em direção às nossas fronteiras” Ele observou que Putin, no início deste ano, ordenou que o Ministério da Defesa apresentasse propostas para fortalecer o flanco ocidental da Rússia, embora nenhum resultado desse esforço ainda tenha sido divulgado.

A guerra mostra que a Rússia está “pronta para atacar um país vizinho”, disse Niinisto na quinta-feira. “Então, quando você pergunta como eles enxergariam uma possível adesão finlandesa”, disse ele, “minha resposta seria que você causou isso, olhe para o espelho”.

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--Com a colaboração de Natalia Drozdiak, Love Liman, Chris Miller e Gregory L. White.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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