Bolsonaro volta a atacar urna eletrônica e diz que Barroso mente

Em evento com base aliada, presidente disse sobre o STF que “quem quer ser respeitado tem que respeitar”

Em discurso para deputados da base aliada, Bolsonaro voltou a atacar o processo eleitoral e disse que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, mente
27 de abril, 2022 | 06:38 PM

Bloomberg Línea — Em encontro com deputados da base aliada no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar a urna eletrônica e colocar o processo eleitoral sob suspeita. Em discurso, o presidente também voltou a provocar o Supremo Tribunal Federal e atacou o ministro Luís Roberto Barroso. “Todo mudo que quer ser respeitado tem que respeitar em primeiro lugar.”

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“Não pensem que uma possível suspeição de uma eleição vai ser apenas no voto para presidente. Vai entrar pro Senado, vai entrar para a Câmara. Se tiver, obviamente, algo de anormal. Vai entrar para estadual, para todo mundo”, disse.

Segundo o presidente, em 2014, depois que Aécio Neves (PSDB-MG) foi derrotado no segundo turno, o PSDB pediu uma auditoria das urnas eletrônicas.

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“Qual foi o resultado da auditoria? A urna é inauditável. As sugestões das Forças Armadas estão com o Tribunal Superior Eleitoral. Por que carimbaram com confidencial? O Barroso não disse que as urnas são inexpugnáveis? Então por que é confidencial?”, provocou.

O ministro Barroso, que presidia o TSE na época que o documento das Forças Armadas foi enviado ao tribunal, disse que foram os militares que pediram sigilo na tramitação dos documentos sobre a segurança das urnas.

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Foi Barroso quem convidou as Forças Armadas a integrar um comitê dentro do TSE para discutir o assunto, o que foi usado por Bolsonaro para mais uma tentativa de antagonizar com a Justiça Eleitoral. “Eles convidaram as Forças Armadas a participar desse processo. Será que ele se esqueceu que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Jair Messias Bolsonaro?”, disse, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa.

O presidente Bolsonaro voltou a insinuar que trabalha para proteger o processo eleitoral, enquanto o Judiciário pretende fraudá-lo: “Geralmente, o chefe do Executivo trabalha para fraudar uma eleição. Essa é a informação que nós temos da história de vários países. Aqui é o contrário. Queremos transparência e confiança”.

Bolsonaro aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em todas as pesquisas eleitorais.

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Na nova provocação ao Supremo, Bolsonaro procurou se dirigir a Barroso - a quem acusou de mentir - para voltar a reclamar do inquérito a que respondeu por ter vazado informações sobre uma investigação sigilosa a respeito da segurança das urnas eletrônicas.

“Eu gostaria - me dirigindo ao excelentíssimo ministro Barroso, uma pessoa que fala muito bem, currículo invejável - que aquele inquérito de novembro de 2018 tivesse o seu deslinde, queremos o seu parecer. Não poderia ter eleição em 2020 sem a conclusão daquele inquérito, que não era sigiloso. Mente o ministro Barroso quando diz que o inquérito é sigiloso. Uma vergonha”, discursou.

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O discurso foi feito em evento no Palácio do Planalto convocado para defender o perdão concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). O parlamentar foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por ter feito ameaças aos integrantes do tribunal e por incitar seus seguidores a atacar a corte. No dia seguinte à condenação, Bolsonaro assinou um decreto concedendo graça ao deputado, extinguindo a pena de prisão. O relator do processo, Alexandre de Moraes, afirmou que o decreto de graça, uma prerrogativa do presidente, não extingue outros efeitos da condenação, como a inelegibilidade.

Segundo o presidente disse em no discurso, o evento foi ideia dos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da bancada evangélica, e Capitão Augusto (PL-SP). Assistiram ao discurso cerca de 100 deputados, entre bolsonaristas, membros da bancada evangélica, da bancada de segurança pública e da bancada do agronegócio.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.

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