Como o outono seco no Brasil deve afetar o abastecimento mundial de comida

Na região Centro-Oeste, que abriga a safrinha de milho colhida durante os meses de inverno, abril foi mais seco do que o esperado

Maiz
Por Tarso Veloso e Tatiana Freitas
26 de abril, 2022 | 08:15 AM

Bloomberg — O tempo seco ameaça reduzir a safra brasileira de milho a apenas um mês da colheita, o que exacerba as preocupações com a oferta quando o mundo enfrenta uma disparada na inflação de alimentos.

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Na região Centro-Oeste, que abriga a safrinha colhida durante os meses de inverno, abril foi mais seco do que o esperado e algumas áreas ficaram sem quantidades significativas de chuva por um mês. Essas condições dificultam a maturação do grão.

“Vemos estimativas de safra recorde, mas na realidade sabemos que já há um grande prejuízo, mesmo que as chuvas se concretizem”, disse Lucas Costa Beber, vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).

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Como segundo maior exportador de milho, atrás apenas dos EUA, a importância do Brasil para o abastecimento mundial de alimentos aumentou à medida que os ataques russos forçam agricultores ucranianos a abandonar o plantio e pegar em armas, e as rotas marítimas de exportação para um dos principais celeiros do mundo foram fechadas pela frota naval de Vladimir Putin.

Os preços do milho subiram 35% este ano em meio a uma confluência de ameaças de oferta, com a demanda pós-pandemia em expansão. Os agricultores dos EUA estão em uma posição fraca para preencher e os déficits brasileiros, pois semeiam menos milho por causa dos altos custos de fertilizantes.

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A área seca – que compreende partes dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais – responde por mais de 72% da safrinha, que é destinada principalmente a exportação. Em Mato Grosso, por exemplo, a safrinha não alcançara às estimativas anteriores de 40 a 41 milhões de toneladas, segundo Beber.

Pouca chuva

Mais chuva nas próximas semanas pode ajudar, mas as previsões meteorológicas não são promissoras. O clima quente e seco persistirá até esta semana, esgotando ainda mais a umidade do solo, de acordo com Celso Oliveira, meteorologista da Climatempo.

Há previsão de chuva na próxima semana, mas a precipitação até 7 de maio não deve ser suficiente para desfazer os danos, disse Oliveira.

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Pesquisadores de safras estão nos campos para atualizar suas estimativas, inclusive os técnicos da Conab. A AgRural, que projetava uma safra de 91,3 milhões de toneladas nas últimas semanas, provavelmente cortará esse número por conta do clima, segundo a analista Daniele Siqueira.

“Em Mato Grosso, acabou a fase mais suscetível da safra, mas precisamos de chuvas”, disse ela em entrevista.

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Mesmo assim, é muito provável que a colheita do país supere o recorde anterior de 75 milhões de toneladas durante a safra 2019-20, principalmente devido a uma área de plantio mais expansiva, disse ela.

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