Mercados recuam por piores previsões para balanços e impacto do lockdown na China

Além do caminho das ações de tecnológicas, investidores acompanham indicadores PMIs e discursos de presidentes do Fed e do BCE

As variáveis que orientarão os mercados
24 de mayo, 2022 | 07:36 AM

Barcelona, Espanha — Os resultados corporativos, que na última temporada foram um pilar importante para sustentar o otimismo do mercado de ações, agora sopram ventos contrários. Ásia, Europa, Estados Unidos, em todos os cantos os mercados acionários se tingem de vermelho. Um prognóstico desfavorável para as receitas da rede social Snap pesa sobre as ações de tecnologia e alimenta as preocupações em torno do crescimento econômico.

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Os papéis da controladora do Snapchat desabavam mais de 30% nas operações que antecedem a abertura das bolsas - se esse movimento continuar, a empresa perderá cerca de US$ 10 bilhões em valor de mercado. A queda é seguida por outras empresas dependentes da publicidade digital, como a Meta Platforms. Com o alerta, as ações das empresas de redes sociais estão a caminho de perder mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado.

O declínio desta manhã engloba os contratos indexados ao Nasdaq 100 e as bolsas europeias. Os futuros S&P 500 também operavam no vermelho, sinalizando para o seu índice de referência uma nova aproximação com o mercado de baixa (bear market), quando um índice cai ao menos 20% a partir de sua pontuação máxima de fechamento.

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O euro subia acima de US$ 1,07 pela primeira vez em quatro semanas, levado pelas afirmações da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, de que o bloco atingiu um “ponto de virada” na política monetária. Num ambiente de menor aversão ao risco, os investidores correm para os títulos soberanos, que na sessão de hoje pedem prêmios menores e, por consequência, ganham em valor nominal.

→ Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Petrobras: 4 presidentes em 15 meses

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Estes são os principais fatores de influência nas operações de hoje nos mercados:

🔒 Política Covid-zero. A indicação da China de que não relaxará suas restrições à mobilidade, de modo a conter qualquer avanço dos contágios pela Covid-19, leva ao temor de que a paralisação prejudique ainda mais as cadeias de abastecimento. O país não dá mostras de que mudará sua política antes de julho. Embora a China esteja lançando medidas para estimular a economia e, com isso, minimizar o impacto dos lockdowns, o mercado continua cético.

⚠️ Alerta corporativo. As ações de empresas tecnológicas se vêem prejudicadas pelo alerta, feito ontem depois do fechamento das bolsas, sobre o futuro financeiro da rede social Snap. A empresa revisou para baixo suas expectativas de resultados para o segundo trimestre deste ano. O CEO Evan Spiegel alertou seus empregados de que não alcançará os objetivos que traçou para a receita e lucro do período.

🧐 PMIs mais fracos? Hoje também há uma bateria de indicadores PMI, que inclui dados de empresas industriais do setor privado. Esta manhã já conhecemos o PMI manufatureiro da Zona do Euro: atingiu 54,4 em maio, contra projeções de 54,7 e uma leitura de 55,5 na pesquisa anterior. Os novos pedidos continuam se reduzindo, o que aponta para uma desaceleração do setor, afetado pela inflação e pelos abalos na cadeia de abastecimento. Na Alemanha houve melhora, mas pelo acúmulo de pedidos. Mais tarde será o vez de os EUA divulgarem este importante indicador.

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🏦 Fed e BCE. Hoje falam o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e a dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. O impacto tende a ser de neutro a negativo, dependendo do cenário que pintem. Ontem, a líder do BCE, reforçou que é provável que o BCE comece a aumentar as taxas de juros em julho, retirando os juros europeus do terreno negativo.

Um panorama dos mercadosdfd

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+1,98%), S&P 500 (+1,86%), Nasdaq Composite (+1,59%), Stoxx 600 (+1,26%), Ibovespa (+1,71%)

As bolsas norte-americanas começaram a semana com bom humor, depois que o S&P 500, na última sexta-feira, ameaçou entrar em território de baixa e completou sua sétima semana consecutiva de perdas, a pior sequência desde 2001. Ontem, os bancos lideraram a jornada de recuperação: o chefe do JPMorgan Jamie Dimon disse que as “nuvens de tempestade” sobre a economia dos EUA poderiam se dissipar. O bom humor do mercado também foi impulsionado pelo presidente dos EUA Joe Biden, que disse que iria rever as tarifas da era Trump sobre as importações da China.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Indicadores PMIs: Estados Unidos, Zona do Euro, Alemanha, França, Reino Unido,

• EUA: Índice de Atividade Nacional Fed Chicago/Abr, Índice Redbook, Venda de Casas Novas/Abr, Índice de Manufatura Fed Richmond/Mai, Índice do Setor de Serviços Richmond/Mai

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• Europa: França (Pesquisa em Empresas/Mai); Reino Unido (Dívida Líquida do Setor Público/Abr, Pesquisa CBI de Varejo e Distribuição/Mai)

• Ásia: Japão (IPC)

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• América Latina: Brasil (IPCA-15/Mai) ; México (IPC/1ª quinzena de Maio)

• Bancos centrais: Discursos de Jerome Powell (presidente do Fed), Christine Lagarde (presidente do BCE), Sam Woods (vice-presidente do BoE) e Silvana Tenreyro (BoE)

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• Balanços: Best Buy, Intuit

📌 Para a semana:

Quarta-feira (Ata de Política Monetária do FOMC/Fed; Relatório de Estabilidade Financeira do BCE; Decisão do banco central da Nova Zelândia sobre juros);

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Quinta-feira (Decisão sobre juros do banco central da Coreia; Nos EUA: PIB e Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego)

Sexta-feira (Nos EUA: Índice de Preços PCE; Renda e Gastos Pessoais; Estoques do Atacado; Índice de Confiança do Consumidor - Universidade de Michigan)

--Com informações da Bloomberg News

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

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