Por que a Revlon, gigante dos cosméticos, pediu concordata nos EUA

Com dívidas de US$ 3,7 bi, empresa busca plano para pagar credores 90 anos após lançamento de seu primeiro esmalte no mercado

La marca Revlon Inc. El labial de la marca Ultra HD se arregla para una fotografía en Tiskilwa, Illinois, Estados Unidos, el miércoles 28 de febrero de 2018. Fotógrafo: Daniel Acker/Bloomberg
Por Claire Boston
16 de junio, 2022 | 03:56 PM

Bloomberg — A Revlon Inc. (REV) entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos por conta de problemas na cadeia de suprimentos, que tem piorado o endividamento da companhia. O movimento acontece em meio às dificuldades da empresa em aproveitar o aumento das vendas de cosméticos impulsionado por influenciadores digitais.

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A gigante de cosméticos, que pertence à holding MacAndrews & Forbes, do bilionário Ronald Perelman, buscou proteção judicial no Distrito Sul de Nova York na terça-feira (14). De acordo com documentos judiciais, a empresa listou um total de ativos no valor US$ 2,3 bilhões, no final de abril, e dívidas de US$ 3,7 bilhões.

A empresa apresentou petição voluntária de reorganização sob o “Capítulo 11″ do Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, figura jurídica equivalente no Brasil ao pedido de recuperação judicial, em uma tentativa de buscar recuperação por meio da renegociação de suas dívidas.

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Este é o último recurso para que a empresa não vá à falência, e permite que a companhia continue operando normalmente enquanto elabora um plano para pagar os credores.

Em comunicado, a Revlon disse que alinhou US$ 575 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões) do chamado “financiamento de devedor” para se financiar durante o período.

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O pedido de concordata encerra um período tumultuado para a empresa, que sofreu durante a pandemia e enfrentou anos de queda nas vendas com mudanças nos hábitos de consumo e chegada de novas marcas no mercado. Recentemente, a empresa disse que os problemas na cadeia de suprimentos e a inflação estavam desafiando sua capacidade de acompanhar a recuperação da demanda do consumidor.

“A demanda do consumidor por nossos produtos continua forte – as pessoas adoram nossas marcas e continuamos a ter uma posição de mercado saudável. Mas a estrutura de capital limitou nossa capacidade de lidar com questões macroeconômicas para atender a essa demanda”, disse a CEO da Revlon, Debra Perelman, em comunicado.

História de 90 anos

Há 90 anos no mercado, a Revlon começou vendendo esmaltes durante a Grande Depressão e, mais tarde, incluiu batons em seu portfólio. Em 1955, a marca ficou internacional e em 1996, abriu o capital.

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Em 1985, a empresa foi vendida para a holding MacAndrews & Forbes, do investidor americano Ronald Perelman, atual controladora da companhia, em uma aquisição considerada “amarga”, financiando o negócio com dívidas levantadas por Michael Milken. A MacAndrews & Forbes a certa altura processou a Revlon pela aceitação da empresa de uma oferta mais baixa da Forstmann Little & Co., resultando em uma decisão histórica do tribunal de Delaware sobre os deveres fiduciários dos membros do conselho, às vezes apelidada de “Regra Revlon”.

O endividamento da empresa se mostrou pesado, principalmente depois que ela vendeu mais de US$ 2 bilhões em empréstimos e títulos para financiar a aquisição da Elizabeth Arden, em 2016. Ela também possui marcas como Cutex e Almay, e comercializa em mais de 150 países.

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Nos últimos anos, a Revlon tem lutado para competir com marcas mais novas e de propriedade das rivais L’Oreal SA e Estee Lauder Cos., que se voltaram para blogueiros e personalidades do Instagram para impulsionar o crescimento. A pandemia deu mais um golpe nas vendas.

O caso em questão é Revlon Inc., 22-10760, no Tribunal de Falências dos EUA para o Distrito Sul de Nova York.

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-- Com a colaboração de Ameya Karve e Eduard Gismatullin.

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