Surto de covid aumenta temor sobre novas restrições em Pequim

Por ora, Xangai continua como o epicentro do pior surto de covid já ocorrido na China desde Wuhan, há mais de dois anos

Policiais cercam beco em uma área de Pequim em 17 de março. Fotógrafo: Jade Gao/AFP/Getty Images
Por Bloomberg News
25 de abril, 2022 | 11:59 AM

Bloomberg — O surto de coronavírus na China piorou, com o aumento de casos em Pequim provocando tensões sobre um bloqueio sem precedentes da capital, enquanto os formuladores de políticas se apressam para evitar uma crise como a de Xangai, que já causou estragos e perdas ao centro financeiro do país.

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A preocupação de que a estrita adesão do país à política de covid zero prejudique ainda mais a economia arrastou as negociações do petróleo e do minério de ferro nesta segunda-feira (25), e também desencadeou uma onda de compras de última hora, já que os moradores de Pequim – com medo de serem pegos desprevenidos no caso de restrições mais sérias na cidade – correram para estocar alimentos e outros suprimentos depois que o governo anunciou planos de testes em massa e colocou algumas áreas sob bloqueio total.

A cidade de mais de 20 milhões de pessoas que também é o centro político do país bloqueou partes do distrito de Chaoyang, embora os supermercados permaneçam abertos, com planos para aliviar as restrições depois que os moradores concluírem um regime de testes em 27 de abril. O porta-voz do governo da cidade de Pequim, Xu Hejian, disse na sexta-feira (22) que o atual surto é “complexo e furtivo”, e prometeu tomar mais medidas para impedir a propagação do vírus.

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O surto ocorre depois que Xangai relatou um número recorde de mortes e impôs regras mais rígidas para tentar eliminar as novas infecções. Os surtos em duas das cidades mais importantes da China se tornaram um teste sem precedentes para o presidente Xi Jinping, que provavelmente buscará um terceiro mandato de cinco anos durante um congresso do Partido Comunista no final deste ano.

A China defendeu repetidamente a estratégia de covid zero, dizendo que a política salva vidas e mantém a economia funcionando, mesmo que o plano dificulte cada vez mais as perspectivas de crescimento do país e ameace interromper as cadeias de suprimentos globais.

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As ações chinesas caíram e o yuan onshore, da China continental, caiu para seu nível mais fraco em 17 meses. Os futuros de minério de ferro caíram mais de 11%, enquanto o petróleo caiu quase 5%, sendo negociado abaixo de US$ 98 o barril.

O distrito de Chaoyang abriga cerca de 3,5 milhões de pessoas, incluindo muitos expatriados, o distrito comercial central e a maioria das embaixadas estrangeiras. As autoridades designaram 14 comunidades menores como “fechadas” e outras 14 como áreas “controladas”, com diferentes níveis de restrições de movimento.

As autoridades locais testarão as pessoas que vivem ou trabalham em Chaoyang na segunda (25), quarta (27) e sexta-feira (29). Todos serão testados, desde trabalhadores de colarinho branco até crianças pequenas que precisam de um resultado negativo para frequentar o jardim de infância.

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Longas filas já estão se formando em torno de complexos de apartamentos enquanto os moradores aguardam os testes. Mercearias e supermercados esgotaram seus alimentos frescos, itens básicos de cozinha e outros, como máscaras e antissépticos. Autoridades disseram que algumas lojas estão estocando três vezes o volume normal de vendas para acomodar a crescente demanda.

A cidade registrou 29 novas infecções locais por covid nas 24 horas até as 16h do horário local, elevando o número total de casos desde sexta-feira para 70.

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Os moradores da capital estão preocupados com a repetição da crise que assolou Xangai por quase um mês e viu seus moradores incapazes de acessar alimentos ou cuidados médicos de maneira confiável. As autoridades de Pequim estão aumentando suprimentos básicos e entregando vegetais frescos em partes de Chaoyang que relataram a maioria dos casos positivos. O Meituan e outros aplicativos de entrega de supermercado também aumentaram a mão de obra em até 70% ajudar na separação e entrega dos pedidos, de acordo com a mídia local.

Em Xangai, a tensão continua com autoridades aumentando os esforços de contenção do vírus, à medida que os casos na comunidade continuam a surgir, apesar do isolamento em massa, testes e bloqueios. No fim de semana, cercas foram instaladas em alguns bairros para vedar prédios onde foram encontrados casos positivos, causando mais frustração entre os moradores já presos dentro de suas casas há semanas.

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Xangai continua como o epicentro do pior surto de covid já ocorrido na China desde Wuhan, há mais de dois anos. A cidade reportou 51 mortes no domingo (24), principalmente idosos, o que elevou as mortes na onda atual para 138. Há 196 pacientes em estado grave e 23 em estado crítico.

A China enviou um total de nove equipes médicas para intensificar o tratamento de casos graves para oito hospitais designados em Xangai, informou a agência de notícias Xinhua no domingo. As equipes são compostas por mais de 360 especialistas com experiência em terapia intensiva.

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Xangai registrou 19.455 novos casos no domingo. Embora os números diários de infecções estejam em uma tendência amplamente decrescente, o governo ainda não atingiu seu objetivo de eliminar a disseminação nas comunidades.

Até agora, 88% dos 1,4 bilhão de habitantes da China foram totalmente vacinados e metade da população do país recebeu doses de reforço. Entre aqueles com 60 anos ou mais, 81% foram totalmente vacinados, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde na semana passada.

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– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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