Internacional

Testes regulares de covid na China custarão 1,8% do PIB, diz estimativa

Economistas duvidam que o país possa atingir a meta de crescimento de 5,5% do PIB se continuar a aplicar bloqueios para conter o vírus

Testar 70% da população da China a cada dois dias equivaleria a 8,4% dos gastos fiscais do país, de acordo com os economistas da Nomura
Por Tom Hancock
06 de Maio, 2022 | 09:36 AM

Bloomberg — Cidades chinesas estão adotando testes gratuitos obrigatórios regulares de covid-19 para a população, uma abordagem que custaria ao governo 1,8% do produto interno bruto (PIB) se fosse lançada em mais lugares, de acordo com uma estimativa da Nomura Holdings.

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Testar 70% da população a cada dois dias equivaleria a 8,4% dos gastos fiscais da China, escreveram em nota os economistas da Nomura liderados pelo economista-chefe para a China, Lu Ting. A estimativa é baseada no custo de um teste de reação em cadeia da polimerase para uma pessoa, ou PCR, de 20 yuans.

Os gastos podem incluir outros custos do governo em áreas como infraestrutura, de acordo com os economistas, acrescentando que “também há custos de oportunidade, já que as pessoas precisam dedicar tempo de deslocamento a cada dois dias para fazer o teste”.

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Os benefícios dos testes regulares em massa seriam limitados pela maior infecciosidade da variante ômicron do coronavírus, de acordo com a Nomura. Como resultado, disseram os economistas, as cidades continuarão enfrentando bloqueios frequentes e as viagens intermunicipais permanecerão limitadas.

Outros economistas estimam que o custo dos testes em massa será menor e os benefícios poderão ser mais estimulantes para a economia. Se as cidades mais ricas da China, que abrigam 30% de sua população, introduzissem testes regulares em massa, os custos poderiam chegar a 0,2% do PIB no segundo semestre deste ano, disseram economistas do Goldman Sachs (GS), liderados por Hui Shan, em relatório.

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“Pagar por testes em massa nas grandes cidades pode ser efetivamente um grande estímulo, pois pode permitir que a produção e o consumo continuem”, escreveram os economistas do Goldman. Pelo menos 11 grandes cidades chinesas, incluindo Pequim, introduziram testes regulares, disseram eles.

Testes regulares de PCR financiados pelo governo com resultados negativos podem evitar maiores bloqueios, reduzindo o impacto no crescimento do PIB das políticas de covid zero neste ano para 1,6 ponto percentual, disseram os economistas do Goldman.

“Esta pode ser uma mudança importante na estratégia de covid da China para aderir à política mais dinâmica de covid zero e reduzir custos econômicos associados”, acrescentaram.

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Muito vai depender de como os testes do governo local serão financiados e de quantas cidades e províncias vão aderir à estratégia. Em 2020, o governo central da China emitiu títulos antivírus, com os rendimentos entregues aos governos locais para gastos. Isso os ajudou a aumentar os gastos com saúde sem reduzir o apoio a outras prioridades.

Embora nenhuma declaração oficial sobre o custo de testes em massa tenha sido feita, o custo dos testes regulares para centenas de milhões de pessoas será grande. No mês passado, o governo federal disse que testar 10 pessoas não deveria custar mais de 8 yuans (ou US$ 1,20) por pessoa, enquanto no início deste ano, Hong Kong orçou HK$ 20 bilhões (ou US$ 2,5 bilhões) para três rodadas de testes nos 7,5 milhões de habitantes da cidade.

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O custo para testar metade da população da China a cada dois dias durante um ano seria de cerca de 900 bilhões de yuans (US$ 135 bilhões), segundo cálculos da Bloomberg News baseados em um custo de 8 yuans por teste. Isso seria cerca de 0,8% do PIB nominal de 2021.

A maioria dos economistas duvida que o governo da China possa atingir sua meta de crescimento de “cerca de 5,5%” do PIB para o ano se continuar a aplicar bloqueios generalizados para conter surtos de vírus. Dados oficiais indicaram que a atividade econômica se contraiu em abril, quando cidades como Xangai foram fechadas e a checagem de novas contaminações dificultaram as movimentações intermunicipais.

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No entanto, apesar das evidências de danos econômicos da política de vírus, o comitê permanente do Politburo do Partido Comunista, principal órgão político do país, disse na quinta-feira (5) que a abordagem de covid zero é “científica e eficaz“. O órgão sinalizou uma linha mais dura ao descartar a redução dos custos econômicos das políticas de controle de vírus, mencionado em declarações anteriores.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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