Títulos chineses se salvam em meio à liquidação global

Bloomberg — Os títulos da China parecem ser os únicos que vão se salvar de uma liquidação global de renda fixa este mês, já que o banco central do país persiste com uma postura de flexibilização para proteger a economia do agravamento do surto de covid.

A dívida chinesa deu um retorno de 0,3% até agora em abril, incluindo hedge cambial, enquanto todos os outros mercados que compõem o World Government Bond Index da FTSE Russell registraram perdas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“O desempenho superior dos títulos do governo chinês se deve em grande parte à divergência da política monetária, com um viés de flexibilização do banco central quando outros grandes bancos centrais estão apertando”, disse Winson Phoon, chefe de pesquisa de renda fixa do Maybank Securities.

Uma parcela relativamente baixa de participações estrangeiras na dívida soberana chinesa também a protegeu da volatilidade do mercado, acrescentou.

Os títulos do país subiram mesmo após os fundos globais terem feito um corte recorde de suas participações no mês passado, em meio a preocupações com um prêmio de risco cada vez menor sobre os títulos do Tesouro americano. Os fundos estrangeiros detêm cerca de 10% da dívida do governo chinês, contra cerca de 33% dos títulos do Tesouro americano.

Yuan

Mas o mercado de dívida da China só foi um refúgio para investidores globais com hedge cambial. Isso porque, sem cobertura, a queda do yuan se converte em uma perda de 2,7% para os investidores.

Os títulos soberanos globais caíram 4,6% em dólar em abril, o pior desempenho mensal desde 2010.

“O desaparecimento do diferencial de juros entre a China e EUA é um dos fatores que exercerão pressão de depreciação sobre o yuan”, disse Tracy Chen, gerente de portfólio da Brandywine Global Investment Management na Filadélfia. Os valuations dos títulos do governo do país estão “um pouco inflados e não precificam o prêmio de risco geopolítico”, disse ela.

O Banco Popular da China na terça-feira prometeu intensificar o apoio à política monetária para a economia após uma redução na taxa de compulsório no início deste mês. O crescimento econômico tem desacelerado rapidamente por causa da abordagem rigorosa de Pequim para eliminar o vírus, segundo mostram os primeiros indicadores.

“O Banco Popular da China parece ter mais margem de manobra para manter as taxas baixas em comparação com outros bancos centrais de mercados emergentes”, disse Eugene Leow, estrategista de taxas do DBS Bank. “Os títulos do governo chinês continuarão recebendo apoio da autoridade monetária”.

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