Empresas chilenas aproveitam taxas de juros menores, mas miram inflação

Postura menos agressiva do banco central do Chile gerou queda nos rendimentos dos títulos e incentivou trading na área

Instituição elevou taxa básica em 1,5 ponto percentual e já indicou que aumentos futuros seriam menores
Por Valentina Fuentes
11 de abril, 2022 | 01:53 PM

Bloomberg — As empresas chilenas ensaiaram um retorno ao mercado de títulos na semana passada, quando o banco central subiu juros menos que o esperado e as taxas locais caíram. Depois veio outro choque inflacionário.

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A Cervecerias Unidas vendeu US$ 80 milhões em títulos indexados à inflação com vencimento em 2032 e a Mall Plaza emitiu US$ 117 milhões em títulos indexados com vencimento em 2043, apenas a terceira e quarta emissão de empresas não financeiras nos últimos nove meses.

A Caja Los Andes, que oferece serviços financeiros e seguro saúde, vendeu US$ 80 bilhões em títulos indexados com vencimento em 2027, três meses após sua última venda.

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As empresas estão aproveitando a oportunidade que se abriu no mercado local com a queda nos rendimentos gerada por um banco central mais dovish em sua última decisão de política monetária”, disse Diego Pino, chefe de trading de títulos e ações do Scotiabank (SCOTIABK) em Santiago.

O banco central elevou sua taxa básica em 1,5 ponto percentual em 29 de março, o mínimo esperado pelos analistas, e indicou que os aumentos futuros seriam menores. Nos sete dias seguintes, o rendimento dos títulos em peso com vencimento em 2026 caiu mais de 0,8 ponto percentual, enquanto os títulos de vencimento semelhantes caíram 0,46 ponto percentual – o suficiente para atrair algumas empresas de volta ao mercado de títulos.

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Depois disso veio a última reviravolta na saga da inflação e o mercado voltou a ficar confuso.

Na sexta-feira (8), a agência de estatísticas informou que os preços ao consumidor saltaram 1,9% em março, muito acima da estimativa média de 1,2% dos analistas consultados pela Bloomberg. Nesse mesmo dia, o rendimento dos títulos em peso com vencimento em 2026 voltou a subir 0,38 ponto percentual.

Ainda assim, o retorno dos títulos corporativos pode não ter acabado. O rendimento dos títulos indexados ao IPC com vencimento em 2026 caiu 0,17 ponto percentual na sexta-feira, estendendo os declínios da semana passada.

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“A inflação de março não deve impedir a venda de novos títulos de empresas que precisam colocar títulos”, disse Pino, do Scotiabank.

Os dados de inflação estão aumentando a demanda por instrumentos indexados ao IPC no mercado local, disse Felipe Alarcon, economista-chefe da Euroamerica, ao mesmo tempo em que alerta que isso aumenta os custos para os emissores. “Nos próximos dias, devemos ver uma queda adicional nos rendimentos dos vinculados com vencimentos de menos de 5 anos”, disse.

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Ainda assim, há muitas nuvens pairando sobre o mercado. Por um lado, “os novos números põem em dúvida a trajetória inflacionária estimada pelo banco”, segundo o gestor José Manuel Pena em relatório do Fintual. Isso “gera incerteza sobre os próximos aumentos da taxa”.

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