Powell: Aumento dos juros pode levar economia dos EUA a uma recessão

Presidente do BC americano disse em depoimento ao Senado que conseguir um ‘soft landing’ da economia será algo muito desafiador

Powell participou nesta quarta (22) de sessão no Senado americano sobre a política monetária do Fed
22 de junio, 2022 | 07:59 PM

Bloomberg Línea — Em sua declaração mais contundente até aqui sobre os riscos de contração da economia dos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que o aumento dos juros pode levar a economia a uma recessão e que será muito desafiador conseguir um soft landing (pouso suave), expressão que designa desacelerar a economia de forma gradual enquanto controla a inflação.

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Powell disse ainda no seu depoimento semestral ao Senado americano, nesta quarta-feira (22), que o Federal Reserve está “fortemente” comprometido em trazer a inflação para baixo e continuará a adaptar a política monetária à evolução do cenário econômico.

As taxas de juros nos Estados Unidos foram elevadas na última semana em 0,75 ponto percentual, no maior aumento desde 1994, em 28 anos. A taxa está atualmente no intervalo entre 1,50% e 1,75% e, segundo as estimativas dos integrantes do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto), deve chegar a 3,8% ao fim de 2023.

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Confira os demais destaques dos comentários de Powell:

  • A inflação está sendo exacerbada por restrições de longo prazo na cadeia de suprimentos e pela invasão russa da Ucrânia. Os bloqueios de commodities da China provavelmente exacerbarão os problemas da cadeia de suprimentos.
  • Dados recentes sugerem que o PIB real aumentou no trimestre atual, e os gastos do consumidor continuam fortes.
  • O crescimento do investimento fixo empresarial parece estar diminuindo, e o setor imobiliário parece estar diminuindo como resultado das taxas de hipoteca mais altas.
  • O ritmo dos aumentos futuros das taxas continuará a ser determinado pelos dados recebidos e pela evolução das perspectivas econômicas.
  • É fundamental que a inflação diminua para que os EUA tenham um período sustentado de fortes condições de mercado de trabalho que beneficiem todos os americanos.
  • Tomaremos nossas decisões reunião a reunião.
  • O Fed está fortemente comprometido em reduzir a inflação e está se movendo rapidamente para fazê-lo.
  • O Fed antecipa que os aumentos contínuos das taxas de juros serão apropriados.
  • A economia está muito forte e bem posicionada para lidar com uma política monetária mais apertada.
  • O aperto das condições financeiras deve continuar a moderar o crescimento e ajudar a equilibrar demanda e oferta.
  • A demanda por mão-de-obra é muito forte, enquanto a oferta permanece moderada, com a taxa de participação da força de trabalho pouco alterada desde janeiro.
  • Diante de um ambiente econômico em rápida mudança, nossa política vem se adaptando e continuará a fazê-lo.
  • As condições financeiras apertaram significativamente, refletindo tanto as ações tomadas até agora quanto as ações previstas.
  • O Fed continuará a comunicar seu pensamento da forma mais clara possível.

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.

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