Chilli Beans bate Ray-Ban no Brasil e quer mais espaço no exterior

Marca de óculos escuro tem por meta dominar as vendas no mercado interno também com óculos de grau e aumentar participação fora do país

Empresa quer consolidar liderança de mercado no Brasil e expandir presença no mercado internacional
05 de abril, 2022 | 02:54 PM

Bloomberg Línea — Líder do mercado de óculos escuros no Brasil e na América Latina, a Chilli Beans tem planos ambiciosos de crescimento não apenas no mercado doméstico, mas também no exterior ao longo dos próximos cinco anos. Com uma participação de mercado de 16,5% nas vendas de óculos escuro do Brasil, a empresa quer ampliar em 45% a quantidade de pontos de venda de seus produtos até 2026 e garantir a liderança nacional no comércio do acessório.

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Dominar o mercado brasileiro significa se manter à frente de marcas tradicionais como a Ray-Ban, que possui hoje pouco mais de 12% de participação do mercado doméstico. Aliás, o Brasil é o único país do mundo onde a Ray-Ban atua em que não é líder, atrás exatamente da marca brasileira. A marca de 85 anos nasceu nos Estados Unidos e foi vendida em 1999 para a italiana Luxottica, que também fabrica marcas como Chanel, Oakley, Prada, Valentino, entre outras, e tem vendas globais perto de 8 milhões de euros.

“O que a gente tem como objetivo é ter um domínio de market share de óculos escuros e de grau no país e fazer uma expansão internacional interessante e saudável”, disse Caito Maia, fundador e CEO da Chili Beans, em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea. Com uma receita ao redor de R$ 600 milhões, a marca brasileira já está presente em 19 países. Recentemente, inaugurou sua loja em Dubai e fechou durante a pandemia uma master franquia com o maior varejista alemão para abrir 64 lojas na Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo e está também a caminho da Índia.

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A estratégia para ampliar a presença no mercado internacional passa essencialmente por dois pontos. O primeiro é o preço médio global praticado pela empresa no exterior, entre US$ 50 e US$ 55. O segundo são as parcerias que a empresa tem feito para agregar valor e diferenciar seus produtos, licenciando personagens de reconhecimento internacional, como Batman, Harry Potter, Star Wars, entre outros.

“Em qualquer lugar do mundo você tem óculos de US$ 25 para baixo, que não têm marca, e óculos acima de US$ 90. Estamos nesse meio de caminho, onde não existe concorrência para óculos de marca. Os temas, junto com esse preço mágico do meio do caminho está fazendo a diferença para a gente ganhar mercado”, diz o executivo. Ele lembra que, a partir de 2023, a Chilli Beans será a marca exclusiva a comercializar óculos escuros, relógios e óculos de grau com os personagens da série Harry Potter nos parques temáticos do mundo.

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O crescimento das vendas e o cenário promissor para os próximos cinco anos chegam após um período difícil durante a pandemia. Em 2020, após ver uma queda das vendas de óculos escuro a empresa precisou se reinventar. A aposta foi na venda de óculos de grau, produto que, antes da pandemia, representava modestos 20% das vendas de óculos da marca e passou a dominar uma fatia de 50%. Após a reabertura das lojas, a procura por óculos de grau disparou e a empresa aproveitou para lançar a Ótica Chilli Beans. Foram 150 lojas abertas durante a pandemia, que chegaram a 210 no ano passado e deve alcançar mil pontos de venda em cinco anos, em um mercado que possui 22 mil óticas no Brasil.

“Quando as lojas começaram a abrir em 2020 a gente percebeu um fenômenos, que a procura por óculos de grau triplicou e os clientes começaram a buscar esses produtos na loja. A gente dobrou a exposição de óculos de grau e fizemos uma campanha nacional falando do produto, de moda e ganhamos um share de mercado muito legal e deu uma salvada em termos de faturamento. Vimos uma oportunidade gigantesca, que a gente pegou, agarrou e foi para cima”, conta.

Com sua produção praticamente toda concentrada na China, Maia conta que dois temas ainda merecem atenção e podem influenciar diretamente seus negócios. Segundo ele, não existe no Brasil uma infraestrutura ou fábrica capaz de atender sua demanda de produção e uma eventual “loucura de governo”, como fechar um mercado seria fatal. “Você sabe que louco é o que não falta, tudo é possível. Outra coisa é uma guerra. Eu importo da China, você tem um caminho, minha fábrica não é em Campinas. Isso é um assunto série, delicado”, afirma Maia.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.

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