Mundo arrisca mais choque de preços com falta de óleo de cozinha

Maior vendedora de óleo de cozinha do mundo, a Indonésia interromperá algumas exportações a partir de 28 de abril, após escassez doméstica e protestos contra o alto custo dos alimentos

Planta de distribuição de óleo de palma na Indonésia
Por Eko Listiyorini - Anuradha Raghu e Pratik Parija
25 de abril, 2022 | 01:48 PM

(Bloomberg) – A decisão da Indonésia de proibir exportações de óleo de cozinha repercutirá em todo o mundo, já que ameaça aumentar custos para empresas como Nestlé e Unilever e intensifica preocupações com a inflação de alimentos.

Maior exportadora de óleo de cozinha do mundo, a Indonésia interromperá algumas exportações a partir de 28 de abril, depois que uma escassez doméstica levou a protestos de rua contra os altos custos dos alimentos.

Isso espremerá os já escassos suprimentos de óleos vegetais e aumentará o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia, que levou o comércio de óleo de girassol ao caos.

Embora surjam detalhes de que a proibição da Indonésia excluirá alguns produtos, ainda há o risco de piorar ainda mais a inflação de alimentos. Os custos mundiais dos alimentos estão em máxima histórica e sobem no ritmo mais rápido de todos os tempos.

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O uso onipresente de óleos comestíveis em tudo, desde doces a frituras e combustível, significa que pode ser uma pedra no sapato da inflação global de alimentos por muito tempo.

Aqui estão impactos de longo alcance:

Abastecimento Global de Alimentos

A decisão da Indonésia, que responde por um terço das exportações globais de óleo comestível, aumentará a turbulência enfrentada por mercados emergentes do Sri Lanka ao Egito e Tunísia. Mesmo os países desenvolvidos podem ver aumentos acentuados nos preços dos supermercados.

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O óleo de palma é um dos produtos básicos mais versáteis, usado em milhares de produtos, desde alimentos a itens de higiene pessoal e biocombustíveis.

Os preços dos óleos de cozinha dispararam devido à seca e à escassez de mão de obra. Para piorar a situação, a guerra na Ucrânia abalou o comércio de cerca de 80% das exportações globais de óleo de girassol, o que aumentou a demanda por alternativas como óleo de palma e soja e elevou os preços a níveis recordes.

  

A medida pode aumentar os custos para produtores de alimentos embalados, como Nestlé, Mondelez International e Unilever. A Nestlé não quis comentar, enquanto as outras empresas não responderam a pedidos de comentário.

Índia

A Índia, maior importador mundial de óleos de palma, soja e girassol, enfrenta mais um aumento na inflação. Os preços domésticos dos óleos comestíveis em Nova Delhi subiram entre 12% e 17% desde que a guerra na Ucrânia eclodiu no final de fevereiro. O governo aboliu as taxas de importação e tenta reprimir o acúmulo de óleo de cozinha, mas os preços mostram poucos sinais de arrefecimento.

  Evolução das importações de óleo da Índia

China

A China é outro grande importador de óleo de cozinha. O país comprou 4,7 milhões de toneladas de óleo de palma da nação da Indonésia no ano passado, respondendo por mais de 70% do total de importações. As compras da China caíram este ano com preços mais altos e como os lockdowns.

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  Grande parte das importações chinesas de óleo de palma vêm da Indonésia

Malásia

Na Malásia, o segundo maior produtor mundial de óleo de palma depois da Indonésia, os donos de plantações podem ganhar com um aumento nas vendas e lucros inesperados com o aumento nos preços. As receitas de exportação do país provavelmente aumentarão.

©2022 Bloomberg L.P.